quinta-feira, 19 de abril de 2012

Tópicos Especiais em história da América. ( 2º Médio)

Estudando o processo de colonização da América Espanhola, percebe-se que em muitos quesitos ela se distanciou do modelo colonizador da América Portuguesa. É com essa diferenciação que colocamos em discussão as independências do continente americano a partir do início do Séc. XIX.

A sociedade colonial espanhola, dividida fundamentalmente em Chapetones, Criollos, Indígenas e escravos africanos ( em menor quantidade), de certa forma representavam o modelo exploratório desenvolvido pela Metrópole, em que privilegiou a extração de metais preciosos como o ouro e a Prata.

As disparidades regionais tornam-se acentuadas a medida em que as diversas regiões podem ou não oferecer a mercadoria de maior liquidez no mercado ( ouro e prata). Por exemplo: México e Peru, fundamentalmente desenvolveu um setor mineiro expressivo, diferentemente de Chile e Argentina que tiveram suas economias voltadas para os mercados locais, não sendo "tão importantes" para os colonizadores espanhóis.

A FUNÇÃO POLÍTICA E  ECONÔMICA DOS CRIOLLOS.

A partir da comprensão da estrutura da colonização da América espanhola, pode-se estabelecer um panorama da função econômica dos Criollos. Esse são espanhóis nascidos na colônia, proprietários de terras, cuja ação econômica está voltada para os mercados regionais.

Como se explica isso? Graças a expectativa de extração primeira de metais preciosos pela América Espanhola, as haciendas ( ou os latifúndios dos Criollos) não tinham aberturas para realizarem comércios internacionais, devido a falta de interesses da Coroa Espanhola.

Politicamente, os Criollos eram elites, excluídas dos principais cargos de gestão da colônia, cabendo esses aos chapetones. De fato, um espaço político conquistado e permitido aos criollos foram os cabildos, espécie de câmara regional em que questões como obras públicas, preço das mercadorias no mercado interno, impostos a serem cobrados a nivel regional fossem discutidos e estabelecidos.

No processo de independência da América Espanhola, a participação popular será fundamental para a libertação do julgo metropolitano, contudo o controle dos moviemntos sociais sempre ou na maioria das vezes esteve nas mãos dos criollos, estabelecendo um traço elitista  na formação das Repúblicas Latino - americanas e mantendo a tendência de exclusão das camadas populares indígenas do território.

O Liberalismo Americano

A- Exclusivo Metropolitano e a Revolução Industrial. 

A dependência colonial, organizada a partir dos laços do exclusivo metropolitano, gerava inúmeros problemas internos nas colônias: desde o  monopólio dos preços tanto de produtos de exportação, como de produtos de importação vindos direto da Metrópole, até a formação de uma camada populacional indígena ou mestiça extremamente pobre e excluída de qualquer processo político decisivo.

Podemos estabelecer o seguinte quadro teórico:  O Exlusivo Metropolitano, foi um sistema econômico gerador de super lucros, mas politicamente instável, pois não permitia a participação política de grande parte da sociedade colonial, ocasionando inúmeros desgastes sociais.

Acrescido a esse problema, temos de compreender os impactos da Revolução industrial na estrutura de dominação Metropolitana. Com o estabelecimentos de novas técnicas de produção, a organização processual do trabalho assalariado desde o século XVII, começando pela expropriação das terras comunais e das pequenas propriedades ( cercamentos) e a acumulação de riquezas a partir do comércio colonial e do tráfico de escravos, a Inglaterra integra sua economia na dinâmica Capitalista.

Pioneira em relação a qualquer outro país do Globo, o capitalismo britânico contrastava com a velhas práticas ( pré-capitalistas, segundo os conceitos do professor) do mercantilismo. Mas como? O nível de produção da Inglaterra Cresce assustadoramente e necessariamente ele precisa escoar seus produtos não somente em seu mercado interno, mas também a nível internacional. Porém, como escoar seus produtos, se metade do mundo encontra-se sobre uma lógica de dominação colonial monopolista?

 Logo, estabelecida a Revolução industrial, os ingleses defenderão as ideias do Livre Mercado, desenvolvida pelo economista inglês Adam Smith, em que basicamente consistia no seguinte procedimento econômico: O estabelecimento dos preços de mercados, não podem ser regulados por intervenções estatais como impostos ou tarifas alfandegárias. Os produtos devem circular livremente, sendo organizados por uma "mao invisível" que regularia os preços em relação a sua oferta e procura.

O liberalismo econômico inglês é claramente contrastante com a ideia mercantilista de monopólios coloniais, financiados pelo mecanismo do exclusivo Metropolitano, ao mesmo tempo que segundo Smith, todas as regiões controladas pela lógica da mão invisível, se esforçarão para produzir aquilo que elas tem de melhor, para que suas necessidades possam ser satisfeitas oferecendo o melhor produto de interesse para o outro comprador.

Ve-se então uma intenção de especializar e dividir o trabalho e a produção em escala mundial, de acordo com suas "especialidades".

As independências da América espanhola não podem ser compreendidas sem a luz das dificuldades internas de manter o exclusivo metropolitano, muito menos sem a ação da revolução industrial na lógica da produção Mundial.

b- O liberalismo Americano

Com a Europa invadida por Napoleão Bonaparte, o desgastado exclusivo metropolitano, perde sua função prática e abre para os mercados Americanos a possibilidade de Liberdade de comércio. De fato, entenda liberdade de Comércio, como a expansão do mercado inglês em território Americano, devido a própria compreensão de Liberalismo desenvolvida pelos Ingleses e as condições político- econômicas da época.

Nesse caso, o liberalismo americano, possui traços bem claros a respeito de sua função: Especializar-se em vender produtos primários de baixa tecnologia, comprando produtos industriais ingleses tipicamente produzidos sobre a lógica capitalista. Uma transferência do modelo de dependência mercatilista ( exclusivo metropolitano) para uma dependência capitalista ( liberalsmo econômico.)