Mesmo após a independência do
Brasil em 1822, muitas das características do período colonial ainda se mostraram
presentes, como por exemplo: a Grande propriedade de terras nas mãos de poucas
pessoas ( latifúndios), a presença do trabalho escravo africano e uma economia
agrícola voltada sempre para atender os interesses do mercado externo, principalmente o europeu.
Com a decadência do Açúcar no
século XVII e do ouro no século XVIII, o Brasil no início do século XIX, passa
por uma profunda crise econômica até encontrar algum produto de interesse no
mercado internacional, no caso o café. Com a revolução no Haiti ( 1794 – 1830),
até então um dos principais produtores de café de exportação para Europa, o
Brasil passa a ter papel de destaque na produção da fruta para exportação.
A produção do café no país se
expande a partir de 1840 na Região sudeste, por causa do clima Tropical próximo
ao mar em que as temperaturas não são nem muito quentes, nem muito frias. Percebe-se então uma mudança no eixo econômico
do País, antes Nordeste, para o Sudeste ,
fazendo de São Paulo, Minas gerais e Rio Janeiro centros de referência urbanos.
Com o aumento das exportações da
fruta, os cafeicultores, principalmente os cafeicultores paulistas do Vale do
Paraíba ( também chamado de Oeste Velho) e algumas regiões de produção mais novas
como em Jundiaí e Campinas ( Oeste Novo) , acumularam grandes somas de dinheiro
e por consequência estavam adquirindo poder e prestígio nacional.
Não era raro os cafeicultores comprarem inúmeros escravos
de outras regiões para dar conta da crescente tarefa de aumentar as
exportações. É claro que preço do escravo africano ia ficando cada vez mais
caro, principalmente a partir de 1845 com a Lei inglesa Bill Alberdeen, que proibia o tráfico de escravos em águas
internacionais do oceano atlântico.
Mesmo com todas essas
dificuldades, os cafeicultores ainda tinham dinheiro suficiente para manter o
fluxo de compra de escravos africanos, o problema maior seria que a oferta
desses escravos seria dificultada com uma lei brasileira que colocava fim ao
tráfico de escravo nos portos brasileiros chamada lei ” Eusébio
de Queiróz”.
Existiam duas alternativas: Manter
o tráfico interno de escravos, arcando com os prejuízos econômicos do aumento
de preços ou “criar” uma nova forma de trabalho no país, assalariando
trabalhadores. A ideia de assalariar trabalhadores sempre foi muito mal vista
pelos latifundiários, mesmo aqueles que produziam café. Somente uma região será
responsável pela ousadia de assalariar inicialmente trabalhadores em grande
escola, O Oeste Novo.
Nas regiões de campinas e Jundiaí,
os cafeicultores preferiram reorganizar a força de trabalho e assalariar
trabalhadores. Em termos lógicos, seria o mais coerente assalariar os negros
que ali estavam, porém o racismo
presente no raciocínio dos latifundiários brasileiros, fazem com que eles
prefiram adotar a força de trabalho imigrante no lugar do trabalho escravo.
A partir de 1865, a imigração no
Brasil começa a crescer em número de Europeus vindo para cá. Inicialmente esses
europeus foram muito maltratados pelos cafeicultores, pois vinham para o país
repleto de dívidas, que na prática acabam tornando o trabalhador praticamente
um escravo. Somente a partir de 1875 que podemos ver os trabalhadores
imigrantes europeus (em sua grande maioria Italianos e Portugueses) sendo considerados como trabalhadores
assalariados de fato, sem cair em armadilhas de dívidas propostas pelos
cafeicultores.
Com a adoção do trabalho
assalariado, as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro crescem muito,
principalmente com o surgimento de novos estabelecimentos de prestação de
serviços como : Padarias, mercearias, quitandas, barbearias, açougues , até mesmo
bancos para oferecerem créditos para os latifundiários do café aumentarem suas
plantações ou mesmo construírem ferrovias
ou estradas de ferro para
melhorar as condições de transporte do produto para os portos . Todo esse
desenvolvimento estava girando em torno da possibilidade de desenvolver um mercado consumido interno, até então
inovador se pensar que o Brasil organiza sua economia para o mercado externo.
Percebe-se então, que o Brasil
buscou modernizou-se graças ao café, trazendo para o país trabalho assalariado,
cidades mais ativas e um pequeno mas próspero mercado consumidor interno, por
outro lado ainda mantinha muitas heranças coloniais como a convivência com o
trabalho escravo, pelo menos até 1886 e a produção agrícola de produtos
voltados para o mercado externo, sempre com a presença de latifúndios.