quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Ciclo do café no Brasil: Modernizações de um lado, atrasos do outro (1840-1889)


Mesmo após a independência do Brasil em 1822, muitas das características do período colonial ainda se mostraram presentes, como por exemplo: a Grande propriedade de terras nas mãos de poucas pessoas ( latifúndios), a presença do trabalho escravo africano e uma economia agrícola voltada sempre para atender os interesses  do mercado externo, principalmente o europeu.

Com a decadência do Açúcar no século XVII e do ouro no século XVIII, o Brasil no início do século XIX, passa por uma profunda crise econômica até encontrar algum produto de interesse no mercado internacional, no caso o café. Com a revolução no Haiti ( 1794 – 1830), até então um dos principais produtores de café de exportação para Europa, o Brasil passa a ter papel de destaque na produção da fruta para exportação.

A produção do café no país se expande a partir de 1840 na Região sudeste, por causa do clima Tropical próximo ao mar em que as temperaturas não são nem muito quentes, nem muito frias.   Percebe-se então uma mudança no eixo econômico do País, antes  Nordeste, para o Sudeste , fazendo de São Paulo, Minas gerais e Rio Janeiro centros de referência urbanos.
Com o aumento das exportações da fruta, os cafeicultores, principalmente os cafeicultores paulistas do Vale do Paraíba ( também chamado de Oeste Velho) e algumas regiões de produção mais novas como em Jundiaí e Campinas ( Oeste Novo) , acumularam grandes somas de dinheiro e por consequência estavam adquirindo poder e prestígio nacional.

Não era raro  os cafeicultores comprarem inúmeros escravos de outras regiões para dar conta da crescente tarefa de aumentar as exportações. É claro que preço do escravo africano ia ficando cada vez mais caro, principalmente a partir de 1845 com a Lei inglesa Bill Alberdeen, que proibia o tráfico de escravos em águas internacionais do oceano atlântico.
Mesmo com todas essas dificuldades, os cafeicultores ainda tinham dinheiro suficiente para manter o fluxo de compra de escravos africanos, o problema maior seria que a oferta desses escravos seria dificultada com uma lei brasileira que colocava fim ao tráfico de escravo nos portos brasileiros chamada lei ”  Eusébio de Queiróz”.

Existiam duas alternativas: Manter o tráfico interno de escravos, arcando com os prejuízos econômicos do aumento de preços ou “criar” uma nova forma de trabalho no país, assalariando trabalhadores. A ideia de assalariar trabalhadores sempre foi muito mal vista pelos latifundiários, mesmo aqueles que produziam café. Somente uma região será responsável pela ousadia de assalariar inicialmente trabalhadores em grande escola, O Oeste Novo.

Nas regiões de campinas e Jundiaí, os cafeicultores preferiram reorganizar a força de trabalho e assalariar trabalhadores. Em termos lógicos, seria o mais coerente assalariar os negros que ali estavam, porém o racismo presente no raciocínio dos latifundiários brasileiros, fazem com que eles prefiram adotar a força de trabalho imigrante no lugar do trabalho escravo.

A partir de 1865, a imigração no Brasil começa a crescer em número de Europeus vindo para cá. Inicialmente esses europeus foram muito maltratados pelos cafeicultores, pois vinham para o país repleto de dívidas, que na prática acabam tornando o trabalhador praticamente um escravo. Somente a partir de 1875 que podemos ver os trabalhadores imigrantes europeus (em sua grande maioria Italianos e Portugueses)  sendo considerados como trabalhadores assalariados de fato, sem cair em armadilhas de dívidas propostas pelos cafeicultores.

Com a adoção do trabalho assalariado, as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro crescem muito, principalmente com o surgimento de novos estabelecimentos de prestação de serviços como : Padarias, mercearias, quitandas, barbearias, açougues , até mesmo bancos para oferecerem créditos para os latifundiários do café aumentarem suas plantações ou mesmo construírem ferrovias ou estradas de ferro para melhorar as condições de transporte do produto para os portos . Todo esse desenvolvimento estava girando em torno da possibilidade de desenvolver um mercado consumido interno, até então inovador se pensar que o Brasil organiza sua economia para o mercado externo.

Percebe-se então, que o Brasil buscou modernizou-se graças ao café, trazendo para o país trabalho assalariado, cidades mais ativas e um pequeno mas próspero mercado consumidor interno, por outro lado ainda mantinha muitas heranças coloniais como a convivência com o trabalho escravo, pelo menos até 1886 e a produção agrícola de produtos voltados para o mercado externo, sempre com a presença de latifúndios.